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terça-feira, 25 de outubro de 2016

A cruzada do papa Francisco de satanização da teoria de gênero

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Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_



       O papa Francisco, do alto da suposta infalibilidade papal, falseia a verdade sobre a teoria de gênero e a considera uma ideologia – uma invenção do contradiscurso cristão, de extração católica e evangélica, que é uma das maiores desonestidades intelectuais de todos os tempos!
      Há uma guerra ideológica de fundamentalistas cristãos no mundo contra o conceito de “gênero”. No Brasil, o acirramento ocorreu na tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE, 2014) no Congresso Nacional, que excluiu gênero e orientação sexual, deixando as batalhas finais para as esferas estaduais e municipais – um caos com ares de terceira guerra mundial! E o Senado, afagando negociantes de Deus, excluiu, em 9.3.2016, a perspectiva de gênero como uma das atribuições das secretarias de Políticas para as Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
      Precisamos ter seriedade diante de palavras cujo envolvimento com a sexualidade é explícito. Por exemplo: intersexuais, gays, lésbicas, bissexuais, transformistas, travestis, transexuais, transgêneros, gênero, identidade de gênero/identidade sexual, expressão de gênero e orientação sexual. Destaco que as interfaces da saúde sexual e dos direitos sexuais com os direitos reprodutivos são relevantes para a sexualidade.


 (Joan Scott (1941-), historiadora estadunidense, escreveu um célebre artigo que demarca uma leitura pós-estruturalista a respeito do gênero, explorando seus potenciais analíticos de desconstrução e ressignificação)



    Resultado de imagem para Gayle Rubin   (Gayle Rubin (1949-), antropóloga estadunidense, escreveu um ensaio que marcou influência principalmente até o início da década de 90, definindo o que ficou conhecido como "sistema sexo/gênero")

      É incontestável que há sexo genético (cromatínico), sexo gonadal (hormonal ou endócrino), sexo morfológico (anatômico), sexo psicológico (comportamental, emocional e cognitivo), sexo social, sexo jurídico, papel sexual, orientação sexual e parafilias. E teoria de gênero? Gênero é uma categoria analítica. Trata do significado político, econômico, cultural e social da feminilidade e da masculinidade. As relações entre os sexos não são ditadas pelas suas diferenças biológicas em si, mas pela construção social de mulher e de homem. Opressão de gênero é a opressão do sexo feminino, resultante dos privilégios masculinos e das relações de poder.


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Resultado de imagem para mulheres crucificadas   Enquanto categoria analítica, referendada pelo sistema Nações Unidas (ONU), gênero foi um “achado” para a análise da cidadania de segunda categoria da mulher – a expressão da opressão de gênero, resquício do patriarcado –, apesar dos limites e das insuficiências na teoria de gênero: o binarismo de gênero, que só inclui mulheres e homens, pois só enfoca aspectos socialmente construídos da feminilidade e da masculinidade (a “criação”) em correspondência com o sexo biológico.


     Resultado de imagem para o papa na georgia O artigo “13 vezes em que o papa Francisco falou contra a ‘ideologia de gênero’ e o ‘casamento gay’” evidencia que, como as cruzadas religiosas contra leitos obstétricos para o aborto atrapalham, mas não impedem o direito de decidir, encontraram novo alvo: a categoria analítica gênero, em nome da defesa da família!


     Resultado de imagem para o papa  e a teoria de gênero O papa Francisco pratica terrorismo ao dizer coisas tais como: “Há as colonizações ideológicas das famílias, modalidades e propostas que estão na Europa e provêm também de além-mar. E ainda o erro da mente humana que é a teoria de gênero... Assim, a família está sob ataque” (Nápoles, 21.3.2015); “Muitos problemas escondem ideologias... E uma delas – digo-a claramente por ‘nome e apelido’ – é o gênero! Hoje, às crianças – às crianças! –, nas escolas, ensina-se isto: o sexo, cada um pode escolhê-lo’ (Cracóvia, 26 a 31.7.2016); “Há uma guerra mundial contra o casamento, e a teoria do gênero é uma grande inimiga do matrimônio” (Geórgia, 1.10.2016).
      O patriarcado prospera sob o manto do fundamentalismo e deseja que o mundo seja regido por visões teocráticas. E o papel das mulheres em luta é se insurgir contra as trevas!


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Resultado de imagem para patriarcado efeminismo  FONTE: OTEMPO

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Os tanques de água da Chapada do Arapari expressam um escárnio

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Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


Sempre que ouço falar sobre lugares secos, falta de água potável e o rentável e explosivo negócio de água engarrafada, sinto o desejo de compartilhar um trecho de meu romance “Então, Deixa Chover” (Mazza Edições, 2013), que conta sobre os tanques de água de chuva da Chapada do Arapari, um lugar aonde o poder público não comparece. Eis um trecho do livro:


Resultado de imagem para galinhas ciscando  “Eu não sabia se olhava para as galinhas que ciscavam bem perto de nós ou para meu marido, cuja única aspiração era ser um fazendeiro e ter uma casa confortável ali naquela roça ‘onde Judas perdeu as botas’. Estremeci, assustada pelo ganir de um cachorro pirento, nojento e fedido. Mas tão fedido que senti meu estômago embrulhar... E o cachorro se esfregava numa tora de madeira e latia como um gemido.
“Alguém se apressou a dizer que o bichinho estava com sarna.


          Resultado de imagem para Vira lata doente  “‘Ah, é? Lá em casa o pai velho dizia que quando cachorro estava assim era porque estava com pira. Há um remédio que se coloca na água do banho que cura rapidinho’.
“Um velho barbudo, que até então só ouvia o que falávamos, fumando seu ‘pau ronca’ (cigarro de fumo de rolo, enrolado em palha de milho), deu uma cusparada, daquelas longas, bem nojentas, e disse: ‘Que banho, senhora! Cachorro aqui só se banha no tempo de chuva, e olhe lá! Quando chove, eles correm logo pra dentro de casa. É preciso a gente fechar as portas para que eles tomem um banho à força. Não há água corrente por aqui. É tudo seco’.
“E eu retruquei: ‘Nem poço vocês têm?’
“‘Não’! Respondeu o velho cuspidor. E ficou com o olhar fixo no meu.


Resultado de imagem para poço  “‘Nããão? Tantos anos morando aqui e nunca fizeram um poço?’


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Resultado de imagem para jumento e água no sertão  “E, mais uma vez, o velho, que descobri ser o pai do ex-dono das terras que compramos, com o cigarro no canto da boca, completou: ‘Parece que somos um magote de preguiçosos, não é? Pra beber a gente busca água nos poços do povoado, onde há uns dois de água boa. É comprada. A gente traz nas ancoretas, no lombo de jumento. Para as outras coisas, a gente se vira por aqui, como Deus e nossas posses permitem. É que água daqui não presta. Tem cheiro de querosene. Precisa furar muito mesmo para passar do cheiro do querosene. Portanto, não se faz poço por aqui. Fica caro demais. É além de nossas posses. O cabra vive aqui nesse sertão brabo, cumprindo uma sina que não sabemos qual é. Mas só pode ser sina. Com tanto lugar bom de gente morar, a gente se enterra aqui. Nasce e é enterrado, como semente. Sem falar que poço muito fundo é perigoso. Ninguém que faz poço quer furar um poço por aqui. Talvez hoje em dia até furem porque tem essas manilhas que ajudam, não é? Mas antigamente não se falava em poço com manilha. Usamos os tanques’.


Resultado de imagem para jumento e água no sertão “Eu, que estava prestando muita atenção no que ele falava, sentia arrepios pelo corpo. Mas ainda pude indagar: ‘Tanques? Como assim?’
“‘Como aqueles que vosmicê está vendo ali’... (mostrou os tanques com o dedo). ‘Quando chove, junta água nos tanques e então a gente vai usando’.





“          De tão incrível que achei aquela história, fui olhar de perto, pois o que vi foi um lugar coberto com um plástico preto. Pois bem, era um buraco cavado no chão, cimentado até a borda, que ficava um pouco mais alta que o chão e coberto com um plástico preto! Era uma espécie de cacimba artificial! Explico-me. É que a cacimba é também um buraco no chão, só que com uma mina d’água. A diferença ali é que, na ausência da mina d’água, se juntava água da chuva naquele buraco cimentado. Como o povo sabe se virar e dar asas à criatividade!
“E Cannes? Se eu me enterrasse em vida ali, jamais veria o glamour de Cannes...”


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Resultado de imagem para aquarius festival de cannes  PUBLICADO EM 18.10.16
Resultado de imagem para aquarius festival de cannes FONTE: OTEMPO

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Saber ousar, à moda antiga ou moderna, exige arte e manha

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Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


Foi com arte e manha que a negra feminista Áurea Carolina, 32, cientista política e especialista em gênero e igualdade, em Belo Horizonte, pelo PSOL, e o negro Domingos Dutra, 60, advogado, nascido no Quilombo Saco das Almas (Brejo-MA), em Paço do Lumiar (MA), pelo PCdoB, foram vitoriosos nas eleições de 2016 e entraram de cabeça erguida para a história de suas cidades.


Resultado de imagem para áurea carolina Ela, a vereadora mais votada da história de BH; e ele, o primeiro prefeito de esquerda de Paço do Lumiar, na ilha de São Luís, a quarta cidade mais antiga do Maranhão (22.5.1625) – pertenceu a São Luís e a São José de Ribamar. Virou município em 1959. Desde 1965 era dominada por apadrinhados do Futi (como ele chama Sarney): dois condenados por corrupção quando prefeitos, Bia Venâncio (2012) e Gilberto Arôso (2016), um dos adversários que Dutra derrotou!


Resultado de imagem para Domingos Dutra  O Tribunal de Justiça do Maranhão legalizou um ficha-suja candidato, que levou taca, taca, taca... O jogo foi bruto. Pense num Velho Oeste... É aqui!
           São duas vitórias brilhantemente expressivas, considerando-se o que disse Mauro Lopes em “A Vitória dos Ricos”: “O resultado das eleições é desastroso para os pobres... Os ricos venceram...” (Outras Palavras, 4.10.2016).


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(Pierre-Auguste RenoirO baile no moulin de la galette, 1876)


No último dia 3, cedo, em meu e-mail, a filha Débora, de Porto Alegre: “Mãe, a minha amiga linda” e a matéria: “Pela primeira vez nahistória de Belo Horizonte, uma candidata a vereadora conquistou o apoio demais de 17 mil pessoas nas urnas”. Era uma cara conhecida, mas eu não sabia de onde. Débora relembrou: “Ela foi lá em casa em BH quando levei Inácio bebezinho com 4 meses. Você a conheceu. Ela ficou horas na rede com ele lá fora”.


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Resultado de imagem para áurea carolina   Fucei o Google. Em seu Facebook: “Sou da selva e não tenho nada a temer. Há um par de anos, venho amadurecendo a ideia de me candidatar a um cargo eletivo, incentivada por companheiras com as quais construo importantes lutas e em resposta à necessidade de que mulheres como eu ocupem os espaços de poder”. No início de 2015, com várias pessoas, desenhou a iniciativa que originou as Muitas pela Cidade que Queremos BH, tentando ocupar as eleições com cidadania e ousadia, transbordar partidos e produzir ruídos nas instituições para que BH seja mais democrática e acolhedora”. Filiou-se ao PSOL em outubro de 2015 e estabeleceu uma plataforma colaborativa na web (www.muitas.org).



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Resultado de imagem para Domingos Dutra e Flávio Dino   Domingos Dutra, no PCdoB desde setembro de 2015, petista histórico (1980-2013), presidiu o PT de São Luís e o do Maranhão, exerceu vários mandatos de deputado estadual e federal e foi vice-prefeito de Jackson Lago (1996).  


Resultado de imagem para Domingos Dutra  Dutra fez os “Diálogos por Paço” (caminho vitorioso percorrido pelo governador Flávio Dino nos “Diálogos pelo Maranhão”) e uma campanha franciscana, de rua em rua, a pé, de microfone em punho, sob o mote “Vamos juntos tirar Paço do Lumiar da escuridão”, e, durante a noite, a militância que o acompanhava portava tochas de fogo... Era difícil acompanhar aquela energia toda do Dutra.


Resultado de imagem para Domingos Dutra


Na primeira e única caminhada a que fui, passei dois dias deitada, sem poder andar! Decidi fazer o que fiz para Flávio Dino e Dilma (2014): visitar as mesmas 500 casas das imediações de onde moro e pedir o voto em Dutra, que andou mais de 200 km a pé, de microfone em punho; e não fez site nem perfil no Facebook, apenas um Twitter, que usou pouquíssimo!
Áurea e Dutra responderam com sucesso, à maneira de cada um, à pergunta de um militante ao governador maranhense: “Como vamos fazer campanha sem dinheiro?” Flávio Dino respondeu algo assim: “Ah, pois são dois que não sabem! Vai ter de ser assim. Vamos ter de aprender e vencer!”

Resultado de imagem para Domingos Dutra PUBLICADO EM 11.10.16
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Resultado de imagem para Domingos Dutra e Flávio Dino FONTE: OTEMPO

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Eleição é tempo de promessas e, nosso papel, cobrar cumprimento

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Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


          Em 2 de outubro ocorreram eleições em todo o país para prefeitos (as) e vereadores (as). A peleja agora é para quem se elegeu e deve evoluir: “pensar global e agir local” pela preservação da democracia no Brasil.
Ao acordar no dia das eleições, senti saudades do tempo em que boca de urna não era delito eleitoral (artigo 39, parágrafo 5º, I e II, Lei Ordinária 9.504/1997). Nunca entendi boca de urna como um cerceamento da vontade do (a) eleitor (a). Agora é crime!


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Até ri pensando que, se vovó Maria Andrelina fosse viva, no fuzuê das eleições onde moro, pediria para ela fazer uma promessa para a gente vencer, embora ela dissesse que não fazia promessa para ninguém ganhar eleição porque “a gente nunca sabe quem é mais mentiroso, pois ‘inleição’ é tempo de promessa”. Era uma santeira de muita fé, e meu avô dizia que os santos gostavam dela, como escrevi em “Para que servem os santos” (O TEMPO, 8.5.2007).
“Nasci no médio sertão do Maranhão, numa família de moral camponesa rígida, de negros dos mais católicos, sem sincretismos, que abominava terecô e assemelhados. E era muito apegada aos santos. Elementar, onde não há nenhum tipo de atenção à saúde, se ‘apegar’ com os santos era o que restava em caso de doença.


Resultado de imagem para Nossa Senhora de Fátima “A religiosidade era tanta que meu nome é Maria de Fátima. Nasci no ano em que Nossa Senhora de Fátima veio ao Brasil, na peregrinação mundial de sua imagem, idealizada pelo padre belga Demontiez O.M.I. – da Cova da Iria, em 13.5.1947, para o Congresso Marial de Maastricht, dos Países Baixos. Deu a volta ao mundo e retornou em 1959.
“O único testemunho escrito que conheço é o de dona Nilza do Goiabal (bairro de São Luís), que, ‘quando jovem, assistiu em São Luís à peregrinação de Nossa Senhora de Fátima, de Portugal. Levada pela emoção, prometeu a si mesma fazer a procissão de Nossa Senhora de Fátima, são Benedito e um tambor de crioula’ (Josimar Silva, ‘Perfil Popular’, Boletim 10, Comissão Mineira de Folclore, dez. 1977).


Resultado de imagem para “Campanário da Padroeira: subsídios para a história de Colinas “Campanário da Padroeira: subsídios para a história de Colinas”  (2012),  Paulo Eduardo de Souza Pereira, o Paulinho Menezes
Resultado de imagem para Nossa Senhora da Consolação, Colinas-MA    “Meus avós iam anualmente aos festejos da Senhora da Consolação, em Colinas (MA), em 8 de dezembro, data da padroeira da cidade. Quando criança, paguei um monte de promessas que vovó fazia. Na igreja de Santa Rita, num povoado perto de Colinas, entreguei um ex-voto (do latim: ‘votu’ = ‘promessa’). Meu rosto esculpido em madeira. Promessa de vovó, para que eu não ficasse com cicatrizes de catapora no rosto, pois onde já se viu uma moça com o rosto deformado? Nem marido ia arrumar! Na época, eu estava com uns 7 anos.


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Resultado de imagem para são francisco “Roupas especiais como pagamento de promessa, vovó era useira e vezeira em prometer. Era famosa por conseguir tudo o que pedia aos santos. Mamãe vivia às turras com ela, que costumava fazer promessas pela gente e depois exigia que a gente pagasse! Adulta, eu a proibi de fazer promessas em meu nome, pois eu não as pagaria. Ela não titubeou: ‘Ah, é, sua mal-agradecida, soberba, depois não chore na hora da precisão! Promessa pra santo tem de pagar. Se ficar devendo, não alcança mais nenhuma graça’.

Resultado de imagem para são francisco do canindé  São Francisco do Canindé


       “Tudo que acontecia de bom ela logo dizia que havia uma promessa a pagar. Na adolescência, comecei a implicar com esse jeito dela de ser. Havia motivos de sobra. Criança, usei uma roupa marrom, como o hábito de são Francisco, por três meses, num calor terrível, pagando promessa feita por ela...
“Para que servem os santos? Na compreensão popular, por estarem mais próximos de Deus, podem intermediar pedidos. Promessa não é isso? Pede-se ao santo e, conseguido o intento, paga-se. Promessa é dívida”.
Ah, quem dera que prefeitas e prefeitos pensassem assim. Mas nosso papel é cobrar. Vamos, gente!

Resultado de imagem para ex-votos  PUBLICADO EM 04.10.16
Resultado de imagem para ex-votos  FONTE: OTEMPO