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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Os bônus e os ônus da sociedade da cultura da informação

01 (DUKE)
Fátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_


Após ler a entrevista do sociólogo polaco Zygmunt Bauman concedida a Ricardo de Querol, “As redes sociais são uma armadilha” (“El País”, 8.1.2016), decidi reler “Tecnopólio: A Rendição da Cultura à Tecnologia”, de Neil Postman (Nobel, 1994), que li em 1995 e revisito muito, por considerá-lo ainda atual, embora seja, a rigor, uma análise escrita quando a internet engatinhava.


  (Zygmunt Bauman)


Resultado de imagem para arpanet  A precursora da internet, a Arpanet, foi criada em 1969 e pertencia ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos; só interligava laboratórios de pesquisa no país. A liberação comercial ocorreu em 1987. Em 1992, o Laboratório Europeu de Física de Partículas inventou a World Wide Web, que possibilitou o uso por qualquer pessoa. A internet foi liberada no Brasil em 1995.


 Neil Postman (1931-2003), norte-americano, professor e pesquisador de mídia e educação, dirigiu o Departamento de Comunicação da Universidade de Nova York e escreveu inúmeros artigos e vários livros com enfoques na evolução da tecnologia e suas ressonâncias na sociedade.


 “Tecnopólio: A Rendição da Cultura à Tecnologia” nos alerta para um olhar aprofundado sobre o imperativo ou determinismo tecnológico versus a construção social da tecnologia (determinismo social).
Conforme a resenha da obra feita por Marcela Lino daSilva, Stephanie Sá Leitão Grimaldi e André Felipe de Albuquerque Fell, “o tecnopólio passa a ser, então, um estado de cultura, envolto em seus próprios dogmas e misticismos, impondo o rumo e o ritmo de vida às sociedades”.




Zygmunt Bauman, 90, sociólogo polaco, foi professor da Universidade de Varsóvia, da qual foi expulso em 1968, quando imigrou para a Grã-Bretanha, onde tornou-se professor titular da Universidade de Leeds, em 1971. Recebeu os prêmios Amalfi (1989, por sua obra “Modernidade e Holocausto”) e Adorno (1998, pelo conjunto de sua obra). É professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.



Zygmunt Bauman, cético sobre o “ativismo de sofá”, é tido como pessimista e declara que a ideia de progresso é um mito. É criador do conceito de modernidade líquida – “uma etapa na qual tudo que era sólido se liquidificou, e em que nossos acordos são temporários, passageiros, válidos apenas até novo aviso”.
Ricardo de Querol destaca que “ele é a voz dos menos favorecidos. O sociólogo denuncia a desigualdade e a queda da classe média. E avisa aos indignados que seu experimento pode ter vida curta”. E que “suas denúncias sobre a crescente desigualdade, sua análise do descrédito da política e sua visão nada idealista do que trouxe a revolução digital o transformaram também em um farol para o movimento global dos indignados, apesar de que não hesita em pontuar suas debilidades”.


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Questionado se, “em vez de um instrumento revolucionário, como alguns pensam, as redes sociais são o novo ópio do povo”, eis fragmentos de sua resposta: “A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. (...) As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas, ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha”.


 PUBLICADO EM 12.01.16
clipart ativismo de sofa FONTE: OTEMPO

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