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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Alexandra Kollontai: feminista, bolchevique e incompreendida


O que faz não ser apresentada com toda a grandeza que possui?
Fátima Oliveira
Médica -

fatimaoliveira@ig.com @oliveirafatima_

Conheci Alexandra Mikhaylovna Kollontai (1872-1952) ao ler seu romance “Um Grande Amor” (Editora Rosa dos Tempos), cujo enredo, dizem, é o amor de Lenin (1870-1924) e da bolchevique e feminista francesa, radicada na Rússia, Inessa Armand (1874-1920), sob o olhar silencioso da mulher e secretária Nadezda Krupskaia (1869-1939), com quem ficou casado até morrer. Inessa Armand morreu de cólera.
 
 
 (Nadezda Krupskaia e Lenin, 1922)
 
(Inessa Armand) 

 (Lenin) (Inessa Armand, 1890)


File:Krupskaja 1890.jpg (Nadezda Krupskaia, jovem)
 

Alexandra Kollontai, revolucionária bolchevique, um dos baluartes da Revolução Russa de 1917, era consciente do antagonismo entre os interesses das mulheres da burguesia e os das classes populares, linha teórica que a guiou quando ministra para abolir o entulho autoritário que oprimia as russas, promovendo a equiparação dos salários femininos aos masculinos, o divórcio, o aborto, inúmeros benefícios sociais para enfatizar a função social da maternidade, como creches urbanas e rurais.
Foi a única mulher a ocupar um cargo no primeiro escalão do governo após a Revolução de Outubro: comissária do povo (Comissariado da Assistência Social, equivalente a ministra de Estado do Bem-Estar Social). Sob o comando dela, foram elaboradas as novas leis sobre os direitos da mulher – os mais amplos de um país, em todos os tempos, até hoje, incluindo a legalização do aborto! “Não há dúvidas de que o governo soviético foi o primeiro do mundo a abolir as leis que conferiam cidadania de segunda categoria às mulheres” (OLIVEIRA, Fátima,“Reflexões sobre o centenário do Dia Internacional da Mulher", O TEMPO, 8.3.2011).
 
Sob seu comando
foram elaboradas leis
sobre os direitos da
mulher –  os mais
amplos em todos os
tempos, incluindo a
legalização do aborto
 
 


 
Originária da nobreza latifundiária ucraniana – seu pai, Mikhail Domontovich, era general do czar; e sua mãe, finlandesa, descendente de camponeses –, concluiu o bacharelado aos 16 anos e a família decidiu que ela não precisava estudar mais. Como autodidata, continuou estudando. Casou-se aos 20 anos com um oficial do Exército russo, Vladimir Mikhailovich Kollontai, com quem teve um filho, Misha. Em 1896, simpatizante do socialismo agrário e do populismo, começou a estudar marxismo e economia.
Em 1898, separou-se do marido, que ficou com o filho, e filiou-se ao Partido Social-Democrata dos Trabalhadores Russos, no qual sua atividade de destaque foi entre as trabalhadoras. Polemista hábil, integrou a tendência bolchevique em 1905; de 1906 a 1915, virou menchevique, quando retornou ao grupo bolchevique. Esteve exilada de 1908 a 1917.
 
 
 Foi a primeira mulher eleita para o comitê executivo do Soviete de Petrogrado. Logo após a Revolução de Outubro, casou-se com Pavel Dybenko, marinheiro de origem camponesa, com quem ficou até 1922, quando foi exilada como a primeira embaixadora soviética em vários países, até 1945, efetivação de sua proscrição do cenário político na ex-URSS, inclusive por suas opiniões sobre o amor livre e a dupla moral sexual. 
 


 Escreveu artigos sobre política, economia, feminismo e as seguintes novelas: “Amor Vermelho”, “Irmãs” e “O Amor de Três Gerações”, além de outros livros: “A Situação da Classe Operária na Finlândia” (1903), “A Luta de Classes” (1906), “Primeiro Almanaque Operário” (1906), “Base Social da Questão Feminina” (1908), “A Finlândia e o Socialismo” (1907), “Sociedade e Maternidade” (?), “Quem Precisa da Guerra?” (?), “A Classe Operária e a Nova Moral” (?), “Comunismo e Família” (1918), “A Nova Mulher” (1918), “A Moral Sexual” (1921), “Romance e Revolução” (?) e “A Oposição Operária” (1921). 
 

 
Qual é a moralidade que ampara Alexandra Kollontai não ser apresentada com a grandeza que possui nos partidos comunistas?
 


Alexandra Kollontai (Alexandra Kollontai)
PUBLICADO EM 01.10.13 - 03h00
ALEXANDRA KOLLONTAI: Feminismo e socialismo - uma abordagem crítica do DireitoFONTE: OTEMPO

5 comentários:

  1. Um amor vermelho a três


    Lenin, Krupskaya e Inessa, um amor a três, que começou no exílio, em Paris, e terminou no Kremlin.
    Em 1894, Lenin conheceu Nadezhda Konstantinova Krupskaya.
    Descreve William A. Henkin: Um ano mais velha do que Lenin, atraente, mas de ar severo, com o cabelo preso para trás, Krupskaya já era uma marxista ativista.
    Lenin foi exilado para a Sibéria em 1897 e no ano seguinte Krupskaya também foi sentenciada a trës anos de exílio, tendo pedido permissão para passar esse tempo com o noivo – Lenin. O governo concedeu-lhe o pedido sob condição de o casal se casar imediatamente, o que foi feito, em 22 de julho de 1898.
    Lenin conheceu Inessa em 1909, já quarentão. Inessa Armand era casada com Aleksandr Armand, um rico industrial de Moscou. Depois de 9 anos de casamento, fugiu com Vladimir Armand, irmão do marido, com quem teve o quinto filho (os demais 4 filhos eram do marido Aleksandr). Seu segundo marido morreu tuberculoso, deixando Inessa sozinha com os 5 filhos.
    Há que acredite que este quinto filho seria de Lenin.
    Inessa era uma revolucionária bolchevique, que foi várias vezes presa. Em 1917, Lenin e Inessa chegam, juntos, a Moscou.
    Escreve Robert Payne, biógrafo de Lenin: Krupskaya não apenas não desaprovou a nova ligação de Lenin, como parece tê-la recebido bem. Ela realmente admirava Inessa, gostava de estar com ela e adorava seus filhos.
    Os três moraram juntos.
    Inessa morreu de cólera em 1922.
    A bolchevique Alexandra Kolontai declarou que Lenin não conseguiria ssobreviver a Inessa Armand. “Em 1922, quando trouxeram o corpo dela do Cáucaso, e caminhamos no cortejo fúnebre, Lenin estava irreconhecível. Ele andava com os olhos fechados e a todo momento pensávamos que ele podia cair˜.
    Lenin morreu em 1924.


    http://jornaleirotalisandrade.wordpress.com/tag/inessa-armand/

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  2. Bomba-relógio ambulante

    Além do apelido “Lenin” e da oportunidade de pensar à vontade sobre a revolução, o exílio ainda rendeu ao revolucionário um casamento: em uma de suas estadas na Sibéria, ele conheceu a professora e dirigente operária Nadia Krupskaia, sua companheira por toda a vida. “Seu casamento com Nadia nunca implicou sentimentos românticos profundos da parte dele, ou mesmo dela, e deve ter havido ocasiões em que outras mulheres bolcheviques devem tê-lo atraído fortemente”, escreve o historiador britânico Robert Service. Tudo leva a crer que Lenin gostava – e muito! – de mulheres. Especialmente de Inessa Armand, a amante que manteve durante os anos que passou no exílio em Paris. Inessa era uma charmosa intelectual, ótima pianista, fluente em russo, francês e inglês e engajada na facção bolchevique francesa. “Ele jamais teria amado uma mulher de cujas opiniões discordasse e que não fosse uma camarada em seu trabalho”, disse Nadia sobre a amante do marido, após a morte de Lenin.

    O revolucionário tinha um gênio forte e intempestivo. Era uma bomba-relógio ambulante: suas explosões de raiva tornaram-se lendárias no Partido Comunista. “Pessoalmente, não tinha qualquer ambição por matar, mutilar ou testemunhar qualquer barbaridade. Por outro lado, sentia um prazer cruel em recomendar tal violência”, afirma Service. O historiador ainda observa que Lenin raramente sorria e reprimia a diversão. Detestava o cinema e chegou a proibir seus companheiros de “gastar energia em coisa tão inútil”. Era um homem de hábitos simples. Tinha apenas uma empregada, dormia em um quarto reservado a serviçais no Kremlin e negava-se a queimar madeira para se aquecer no frio. Tinha horror à idéia de se transformar em mito – não permitia sequer que um retrato seu fosse colocado na parede.

    A saúde de Lenin, ao contrário de sua personalidade, era muito frágil. Ele tinha úlcera, enxaqueca, erisipela e insônia crônica. Nos últimos dois anos de vida, sofreu vários derrames, que o incapacitaram de falar e escrever. A causa oficial de sua morte, em 1924, foi arteriosclerose cerebral. Mas estudos posteriores apontam que ele pode ter morrido de sífilis – um fato supostamente escamoteado por Stálin, cuja intenção era torná-lo uma lenda. Lenin, provavelmente, não se incomodaria com tal revelação. Afinal, ele odiava mitos. Gostava de ser considerado um homem como outro qualquer, simplesmente humano, que tinha virtudes, fraquezas e sonhos. Em suas próprias palavras: “É preciso sonhar, mas com a condição de observar atentamente a vida real”.


    Lenin: sonhador e pragmático
    http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/lenin-sonhador-pragmatico-435623.shtml

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  3. Eu também conheci Alexandra Kollontai depois da internet, lamentavelmente ñ a conheci antes

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  4. Alexandra Kollontai é uma revolucionária desrespeitada pelo Movimento Comunista Internacional por suas posições libertárias quanto à sexualidade. Sobre Lenin e Inês Armand, foi um grande amor, sem dúvida

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  5. Conheço pouquíssimo Alexandra Kollontai, mas descobri que há vários livros del disponíveis na internet. Vou lê-los.

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