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terça-feira, 7 de junho de 2011

A irreverente, descolada e necessária Marcha das Vadias



A de São Paulo foi no sábado último; no dia 18, será aquiFátima Oliveira
Médica - fatimaoliveira@ig.com.br


 A Marcha das Vadias (SlutWalk) é a reedição da lendária Queima dos Sutiãs (Bra-Burning), após quase 43 anos, com o mesmo fim: visibilizar e escrachar o patriarcado em sua forma cotidiana e cruel - o machismo, esteio da violência contra a mulher?
Sim! A diferença é que a Queima dos Sutiãs original, a primeira, é lenda feminista deliciosa e incendiária, pois ela foi simbólica, tal qual a viúva Porcina, "a que foi sem nunca ter sido". De fato, não aconteceu! Depois de amontoar sutiãs, não permitiram queimá-los no recinto fechado do protesto, mas entrou para a história e virou a fagulha para várias queimas de sutiãs, num mundo de minissaia recém-inventada (1964) e pré-web (1993).




À época, a feminista e escritora Germaine Greer verbalizara: "O sutiã é uma invenção ridícula". Queimar sutiãs se adequou ao discurso de protesto de "400 ativistas do Women’s Liberation Movement (WLM) contra o concurso Miss América no Atlantic City Convention Hall, após a Convenção Nacional dos Democratas" (7.7.1968). Deu no "New York Post": "Queimadoras de sutiãs e Miss América".
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Germaine Greer



O feminismo tem tradição de fazer política ousada e criativa, demonstrando, de modo inteligível e de fácil assimilação, que a opressão feminina é um fenômeno pancultural, pois o patriarcado é um sistema cultural e político arcaico - que vê as mulheres como vadias -, sobrevivente e entranhado em todo tipo de Estado contemporâneo. Logo, a ideologia e a luta feministas, não esqueçam, ainda são "da hora"!


É brisa nova a Marcha das Vadias, que invade o mundo como uma onda... Iniciada em Toronto (Canadá), em abril de 2011, como resposta política a um discurso machista de uma autoridade policial, estribado num argumento que tenta nos impor, há séculos, que "quem se veste como vadias estimula crimes sexuais"! Universitárias canadenses foram às ruas, numa performance para antropologia da moda nenhuma botar defeito: roupas putíssimas, estilo matadeira! É a moda fetichista da Daspu, que é um deslumbre, fazendo escola! Estopim chique no último: "A roupa como manifestação simbólica de opiniões libertárias" (O TEMPO, 21.9.2010).




Capa do livro "As Meninas da Daspu" contou com a "ajuda" de uma das entrevistadas

Editora GloboEditora Globo

A Marcha das Vadias criou asas. Com adesão espontânea, desinstitucionalizada e a partir da web, mais de 70 cidades já marcharam. Bateu forte em mim. Em 2002, o campus onde ocorria o 9º Encontro Internacional Mulher e Saúde (Toronto) e nos hospedava estava cheio de cartazes aconselhando andarmos em bandos, pois, há uma semana, uma estudante havia sido estuprada e morta ali! Estupros e assassinatos em campus universitários, no mundo, ocorrem com frequência absurda. A tendência tem sido acobertá-los para preservar a moral e os bons costumes(?). Até quando esconder tais crimes será medida tida como pedagógica?



Aqui não é diferente. É ilustrativo o episódio troglodita e vitoriano de Geisy X Uniban (2009), em que a Uniban acolheu a gana de estuprar da turba que a acuou, por causa de um vestido curto, visto como "matador", dando uma resposta sem senso de loção e criando conflitos de fragâncias: eliminou Geisy do corpo discente, endossando a fala do seu secretário geral: "A aluna veio trajada de uma determinada forma e isso provocou os alunos... Ela deu causa".
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Geisy Vila Nova Arruda
A Marcha das Vadias tem tudo pra deslanchar por aqui. A de São Paulo foi no sábado, dia 4. E, no dia 18, será a de Belo Horizonte, com concentração na praça da Rodoviária. E o mote é "À Marcha das Vadias só não vai quem já morreu"...


Publicado no Jornal OTEMPO em 07.06.2011




Marcha das Vadias protesta contra o machismo

Ficheiro:I Am A.jpg
"Eu sou uma vadia - Algum problema?", diz o cartaz
LEIA COMENTÁRIOS TAMBÉM EM:
VI O MUNDO

20 comentários:

  1. AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI
    E Vamos à Marcha das Vadias!

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  2. Ralmente criativa essa Marcha e é uma brisa nova no feminismo mundial

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  3. O assunto é massa. O post é uma obra de arte

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  4. Rosilda Borges Lameiras7 de junho de 2011 às 13:20

    Fantástico! Um arrasso! O sucesso das Marchas das Vadias demonstra a capacidade inesgotável do feminismo de se reinventar

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  5. Tens razão Fátima. É brisa nova a Marcha das Vadias

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  6. Fiquei bem impressionada com o poder de mobilização das jovens feministas. Sim porque a Marcha das vadias tem a cara e a coragem das jovens feministas. Tanto que das centenas de fotos que vi, não aparecem as feministas mais de figurinhas conhecidas de São Paulo, fora uma bandeira da Marcha Mundial de Mulheres. Oxente, e cadê o feminismo que todo mundo conhece? Não deram apoio à Marcha das vadias? E mesmo assim ela aconteceu e acontecerá pelo mundo afora.

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  7. Um bom artigo:
    Mas, o principal é: nada justifica um ato de violência sexual. Nenhuma mulher é estuprável. E é contra isso que precisamos lutar. É triste abrir matérias de jornal sobre a Slutwalk e ler coisas como: “A principal atração da marcha são as roupas provocantes, que fazem uma alusão ao estereótipo da prostituta“. Nossas roupas não são a principal atração, não são só mulheres vestidas como vagabundas que são estupradas. Não é nem obrigatório ir com “roupa de vagabunda” à manifestação. O objetivo da Marcha é questionar o controle que existe sobre o corpo das mulheres e sobre nossa sexualidade. E, principalmente, questionar o fato de que as mulheres são culpadas por serem estupradas. Vivemos numa sociedade que nos ensina “não seja estuprada”, ao invés de “não estupre”. É isso que precisamos mudar.

    http://www.luluzinhacamp.com/a-marcha-das-vadias/

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  8. Excelente retrospectiva histórica. Viva a Marcha das Vadias. Viva o feminismo!

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  9. Rosália Borges Palmeira7 de junho de 2011 às 22:04

    Fiquei emocionada com a leitura da crônica. Uma recuperação da historia do feminismo. O que essa moçada começou no Canadá dá orgulho na gente. Principalmente orgulho pela idea de uma Marcha satirizando o machismo. É pro essas e outras que o feminismo VIVE!

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  10. Muito bom, Fátima!
    Queria só dizer à Maria Gouveia que as figurinhas mais carimbadas do feminismo estavam divididas entre a Marcha das Vadias (acho que v. não as reconheceu, e a cãmara focalizou poucas), e dois outros eventos rolando no mesmo dia. Todo apoio, portanto!

    Saudações feministas,
    Rachel Moreno

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  11. Estou empolgada com a Marcha das vadias. A historia, a origem. Nunca fui feminista. Mas se acontecer uma Marcha dessas aqui em Porto Alegre, de certeza que irei. Ah, e vou até queimar um sutiã (dos velhinhos, porque estão a preços proibitivos) para relembrar as pioneiras de 1968. Sinto que devo a liberdade que tenho hoje a elas. Se tudo ainda não é o melhor dos mundos, quem está por aqui deve fazer a sua parte

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  12. Adolescente perde parte do rim após ser espancada por namorado em Minas Gerais
    Rayder Bragon
    Especial para o UOL Notícias/Em Belo Horizonte

    A Delegacia de Proteção à Mulher da cidade de Patos de Minas (MG), na região do Alto Paranaíba (400 quilômetros de Belo Horizonte), abriu inquérito para investigar um homem suspeito de ter agredido brutalmente a namorada, uma adolescente de 17 anos, no último fim de semana. Ela está internada no CTI (Centro de Terapia Intensiva) do Hospital Regional Antônio Dias, localizado na cidade, e seu estado de saúde é considerado grave. Segundo a delegada que cuida do caso, a garota perdeu parte de um dos rins.

    De acordo com a delegada Tatiana Carvalho Paiva, a sessão de espancamento foi motivada por ciúmes. O suspeito está foragido. A policial disse à reportagem do UOL Notícias que vai investigar se o homem ainda teria mantido a adolescente em cárcere privado.

    “Como ela está internada, não temos como colher o depoimento dela. Em relação ao cativeiro, que ainda estamos investigando, parece que ele a deixou desmaiada dentro de casa, mas o período em que isso ocorreu não consta do boletim de ocorrência (feito pela Polícia Militar)”, adiantou a delegada.

    O casal morava junto há um ano, mas Tatiana Paiva afirmou que o homem não tinha passagem pela polícia e não havia nenhuma ocorrência na delegacia especializada sobre possíveis agressões anteriores praticadas pelo suspeito.

    http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/05/31/adolescente-perde-parte-do-rim-apos-ser-espancada-por-namorado-em-minas-gerais.jhtm

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  13. Não gosto desse nome de vadia. Acho horrível que a marcha tenha tal nome. Se bem que é assim mesmo que os homens nos chamam. De qualquer modo acho que quem tiver coragem de ir que vá. Não acho errado, mas prefiro não ir. Fico só dando apoio.

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  14. Uaaaaaaaaau, vou de vadia

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  15. Marinalva Borges da Luz9 de junho de 2011 às 12:17

    Um desbunde total. Vou à passeata de vadia

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  16. Fátima acho que a Marcha das vadias, com os objetivos que tem faz todo os entido, pois ainda é atualíssima, já que o machismo é a regra.

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  17. Fátima, parabéns pelo texto e todo seu lindooo visual.Gostei muito. Que as mulheres se unam e mostrem sua força, neste mundo "ainda" tão machista.
    Cheirossssssss.

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  18. Machismo
    Descontração na Marcha da Vadia do Recife

    Passeata saiu da Praça do Derby com cartazes bem humorados

    Publicado em 11/06/2011, às 17h45
    Jorge Cavalcanti

    Depois de passar por cidades como São Paulo e Brasília, a Marcha das Vadias ganhou este sábado (11) as ruas do Recife. Cerca de 200 pessoas deixaram a Praça do Derby, área central do Recife, e percorreram a Avenida Conde da Boa Vista. Nas roupas e cartazes, bom humor e descontração contra o machismo.

    "Respeito é sexy” e “vaginas livres, corações rebeldes” eram algumas das inscrições estampadas. A concentração começou às 15h. Aos poucos, jovens foram chegando. Sozinhos ou em grupos. Depois de quase duas horas, saíram em passeata.

    A Marcha das Vadias surgiu no dia 3 de abril deste ano, em Toronto, Canadá, com a expressão SlutWalk. Na primeira edição, a manifestação defendeu o direito das mulheres de se vestir, andar e agir de forma livre.

    Elas prostetaram contra um policial que, numa palestra, sugeriu que as alunas deveriam evitar se vestir como “vagabundas” (“slut” em inglês) para não serem vítimas de abuso sexual.

    Desde então o movimento cresce na internet e redes sociais, numa espécie de queima dos sutiãs nos dias de hoje. Idealizador da Marcha das Vadias no Recife, o estudante de ciências sociais Pedro Jesus, 28, (apesar da aparência, ele tem mesmo Jesus no nome) começou a articular a passeata há uma semana, por meio do Facebook.

    "Assim que fiquei sabendo do que ocorreu no Canadá, pensei que seria uma boa trazer a discussão para cá”, contou ele, que adora uma marcha. Ele também marcou presença na Marcha da maconha, no mês passado.

    http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2011/06/11/descontracao-na-marcha-da-vadia-do-recife-7113.php

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  19. Érica Ferreira Lima13 de junho de 2011 às 16:50

    13 de Junho de 2011 - 09h55
    Atualizado em 13/06/2011 às 09:58
    Australianas promovem "Marcha das Vadias" em Sidney

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